A presidente Dilma Rousseff está tomando algum remédio? Está
ainda sob os efeitos daquela droga, ou, sei lá, daquela entidade, que a fez
saudar a mandioca e que a levou a concluir que só nos tornamos “homo sapiens” —
e “mulheres sapiens”, para aderir à sua particular taxonomia — depois que
fizemos uma bola com folha de bananeira?
Por que pergunto isso? Dilma está em Nova York e decidiu
falar sobre a delação de Ricardo Pessoa, dono da UTC, que confessou ter feito
doações ilegais ao PT e ter repassado R$ 7,5 milhões à campanha presidencial do
partido porque se sentiu pressionado por Edinho Silva. A presidente avançou num
terreno perigosíssimo de dois modos distintos, mas que se combinam.
Sobre as doações, afirmou:
“Não tenho esse tipo de prática [receber doações ilegais]. Não aceito e jamais
aceitarei que insinuem sobre mim ou sobre minha campanha qualquer
irregularidade. Primeiro, porque não houve. Segundo, porque, se insinuam,
alguns têm interesses políticos”.
Trata-se de um daqueles raciocínios de Dilma que flertam com
o perigo e que atropelam a lógica. Pela lei, a candidata é, sim, responsável
pelas contas de campanha. Mas todos sabem que isso sempre fica a cargo de
terceiros no partido. Quem disputa eleição não se ocupa desses detalhes. Dilma
ainda teria esse acostamento para reparar danos. Mas ela é quem é: a partir da
declaração de hoje, assume inteira responsabilidade política pelas doações.
Logo, se ficar evidenciado que houve dinheiro ilegal, foi com a sua anuência. É
ela quem está dizendo.
Quanto à lógica, como é mesmo, presidente? “Se insinuam que
há dinheiro ilegal, alguns têm interesse político”? Bem, tudo sempre tem
interesse político, né? A existência do dito-cujo exclui a ilegalidade.
Mas Dilma ainda não havia produzido o seu pior. Resolveu
sair-se com esta:
“Eu não respeito delator, até porque estive presa na ditadura militar e sei o
que é. Tentaram me transformar numa delatora. A ditadura fazia isso com as
pessoas presas, e garanto para vocês que resisti bravamente. Até, em alguns
momentos, fui mal interpretada quando disse que, em tortura, a gente tem que
resistir, porque se não você entrega seus presos.”
A fala é de uma estupidez inigualável, talvez a pior
produzida por ela. A conversa sobre mandioca e bola de folha de bananeira
integra apenas o besteirol nacional. Essa outra não.
Vamos ver, pela ordem:
1 – Dilma compara situações incomparáveis; no tempo a que
ela se refere, havia uma ditadura no Brasil; hoje, vivemos sob um regime
democrático;
2 – consta que ela foi torturada; por mais que se queira, hoje, associar
determinadas pressões a tortura, trata-se de mera figura de linguagem;
3 – Dilma exalta a sua capacidade de resistência e disse que mentiu mesmo sob
tortura, o que gerou certa confusão, com a qual ela soube lucrar;
4 – como não concluir que ela está sugerindo que ou Ricardo Pessoa (e o mesmo
vale para os demais delatores) deveria ter ficado de boca fechada ou deveria
ter mentido?;
5 – querem avançar nas implicações da comparação? O Brasil era, sim, uma
ditadura, mas Dilma, era, sim, membro de um grupo terrorista. O estado
brasileiro era criminoso, mas o grupo a que ela pertencia também era. Se ela
faz a associação entre os dois períodos, está admitindo que os crimes de agora
existiram, sim, mas que os delatores deveriam ficar calados;
6 – eu não tenho receio nenhum de dizer que um delator não é o meu exemplo de
ser humano, mas não sou diretamente interessado no que ele tem a dizer; Dilma
sim;
7 – ao afirmar o que afirmou, Dilma não está se referindo apenas a Pessoa, mas
a todas as delações. Na prática, desqualifica toda a operação que, a despeito
de erros e descaminhos, traz à luz boa parte da bandalheira do petismo.
Dilma está tentando jogar areia nos olhos da nação. O que
tem a ver as agruras que sofreu com esse momento da história brasileira? Sobra
sempre a suspeita de que, em razão de seu passado supostamente heroico,
deveríamos agora condescender com a bandalheira.
O país foi assaltado por uma quadrilha. Uma quadrilha que
passou a operar no centro do poder. E a presidente pretende sair desse
imbróglio desqualificando toda a investigação e ainda posando de heroína.
Dilma falando sobre mandioca e bola de folha de bananeira é
uma poeta. (Reinaldo Azevedo)
Poetisa.
ResponderExcluirCalada é uma poetisa. rsrsr
ResponderExcluirComo e que ela nao delatou? Claro que delatou sim mas sem tortura nenhuma. Alias delatou todo o esquema, os lugares, os componentes no primeiro dia. Nem precisou torturar. E que ela e mentirosa de nascenca e mente que foi torturada, mente que nao delatou, e mente que nao conhece o Ricardo Pessoa. Tudo isso esta mostrado em toda parte, no twitter, e no Facebook com fodos e tudo o mais.
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